GRUPO ESCOLAR FERNÃO DIAS

12/09/2011 18:56

Após um breve intervalo, falarei sobre um ícone da nossa cidade, que completou em janeiro passado, 84 anos da sua fundação, Grupo Escolar Fernão Dias. Hoje Colégio Estadual Carolina Lupion.

O Grupo Escolar Fernão Dias começou a ser construído por volta de 1925. Nesse ano o terreno foi doado pelo Sr.Pedro Giovani, situado entre as ruas Jorge Barros, esquina com a rua Drº Paula e Silva, nesse local funcionava um hotel que foi demolido para ser construída a nova e única escola da cidade nessa época.

Antes disso, não existiam prédios próprios para escolas, elas funcionavam em locais particulares com a ajuda dos habitantes. Colaborando na educação, alguns professores vinham de outros municípios, exceto um professor residente aqui, que foi o primeiro professor nomeado desta cidade, o Sr. Alcides Soares de Oliveira.

O primeiro prédio escolar foi construído no governo do Dr. Caetano Munhoz da Rocha e inaugurado em 25 de dezembro de 1927, com o nome de Grupo Escolar de Carlópolis. O primeiro corpo docente foi formado pelos professores João Salles, Raymunda S. Salles, Maria Jonas e Joana de Paula Frias e, pelo diretor Miguel Andrade Camargo. Os professores citados possuíam nomeação sob titulo federal e o único que era normalista era o Sr. Miguel Andrade Camargo.

Foram esses professores, os pioneiros e responsáveis por uma educação que nos deixou com alicerces sólidos, esmerada em princípios e conhecimentos básicos.

O Grupo Escolar de Carlópolis recebeu a nova denominação pelo decreto Lei nº 2.078 de 31 de dezembro de 1945, transferindo-se de Grupo Escolar de Carlópolis para Grupo Escolar Fernão Dias, em homenagem ao bandeirante Fernão Dias Paes Leme, conhecido como “O Caçador de Esmeralda”.

A escola passou por várias reformas, mas a que foi totalmente reformulada e ampliada, aconteceu em 1954 no governo do Dr. Bento Munhoz e do prefeito municipal, Sr. Edwiges Benedito Amaral.

Este prédio também serviu de hospital base para as tropas militares na Revolução Constitucionalista de 1932. A citada Revolução Constitucionalista ou guerra paulista, movimento este, armado ocorrido no estado de São Paulo entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo provisório de Getulio Vargas e promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

Como nosso município fica na divisa com o estado de São Paulo, ficamos no meio do conflito, pois as tropas sulistas tentavam evitar a travessia do rio Itararé pelas tropas paulistas.

Os combatentes feridos e mortos na batalha vinham para o grupo escolar transformado em hospital e até em cemitério. Na época que estudei nessa escola, corria o boato de que havia sido enterrado um dos soldados no porão, que fica do lado esquerdo do prédio, ou seja, passear nesse local após as 18 horas nem pensar.

Dizia-se que o local era mal assombrado e que aparecia um soldado com um fuzil e apontava para as pessoas. O medo de todos nós era de que esse soldado aparecesse, enquanto estávamos nas dependências da escola, à noite.

Sempre brincávamos a noite dentro da escola, pois não havia cursos noturnos nessa época na escola, ai aproveitávamos para nos esconder lá dentro, mesmo com medo. Nunca deparamos com nenhum fantasma ali.

A sala do esqueleto era um terror, quem ficava de castigo tinha que ficar pertinho do mesmo, eu fui visitante uma vez, mas depois dessa, passei a me comportar maravilhosamente bem.

Muitos professores passaram por esse renomado estabelecimento de ensino, cito entre eles, as minhas queridas professoras que me ensinaram a ler e escrever. D. Ercília Coelho de Oliveira, D. Helena Ribeiro, D. Juraci Oliveira, D. Ana Riatto, D. Lenita Salles Trindade e D.Leila Regina A. Mendes e o Diretor Sávio A. Batista do Nascimento. Através desses mestres aos quais citei, homenageio e agradeço a todos os outros.

Como foi bom meu tempo nesta escola, lembro-me com carinho das merendas da D. Dade, D. Ditinha, D. Dora e de todas as outras que por ali passaram. Presto minha homenagem a todas elas, pois nos mantinham alimentados e toda a escola limpa e higienizada, muito obrigado.

Ao falar sobre esta escola, recordo-me da minha infância, dos amigos que ali consegui, e do meu pai Ioussef Hassad Hatun, mais conhecido como José Luis turco, hasteando a Bandeira Nacional na semana da Pátria, em setembro de19 71. Foi uma grande homenagem que fizeram para ele, pois foi um dos primeiros árabes, morador desta cidade e ajudou no progresso da mesma.

Em 1978 passa-se a chamar Colégio Estadual Carolina Lupion, em homenagem à mãe do então governador do Paraná, Moisés Lupion que muito contribuiu com a educação em nossa querida Carlópolis.

Com todo respeito à patronesse atual, para mim será sempre Grupo Escolar Fernão Dias, bons tempos aqueles.

Obrigado as professoras Lizandrine Miryan Oliveira França e Viviane Pozzato Capote que permitiram as minhas pesquisas, em seu trabalho sobre o Grupo Escolar Fernão Dias.

 

Placa de inauguração do Grupo Escolar Fernão Dias

Professoras do Grupo Escolar Fernão Dias

Grupo Escolar Fernão Dias

Grupo Escolar Fernão Dias, visto da Rua Jorge Barros

 

Professores do Grupo Escolar Fernão Dias

Salim Luis Hatum