Câncer em ex-presidente é tratado com hostilidade por uma minoria de pessoas

31/10/2011 11:36

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diagnosticado com um tumor na laringe e passará por tratamento de quimioterapia a partir desta segunda-feira. As informações foram divulgadas pelo Hospital Sírio-Libanês, nesse sábado (29).

Lula sentiu rouquidão e dores na gargante durante uma comemoração particular ao longo da semana, o que o levou a consultar um médico. Na última quinta-feira, ele completou 66 anos.

Segundo as primeiras informações, o tumor está localizado e não apresentaria ramificações. O tratamento será ambulatorial, ou seja, o ex-presidente irá ao hospital fazer quimioterapia e voltará para a sua casa. Segundo os médicos, ele "encontra-se bem".

O câncer de laringe, confirmado pelo hospital, geralmente ocorre mais em homens, especialmente em fumantes e consumidores de bebida alcoólica, características que se enquadram no perfil do ex-presidente. 

"Geralmente, esse tipo de câncer é descoberto de maneira oportuna, sem desconfiança prévia. Surge de uma reclamação de rouquidão crônica ou dores nas articulações próximas da laringe. Como o diagnóstico divulgado pelo Sírio-Libanês indica o uso de quimioterapia, fica claro que se trata de um tumor maligno, o que caracteriza o câncer", explicou em entrevista coletiva o médico Luiz Fernando Correia.

Pessoas que talvez não entendam o que é a luta contra uma doença ingrata como o câncer iniciaram uma "campanha" em redes sociais onde solicitam ao ex-presidente que faça o seu tratamento pelo SUS. A minha mãe iniciou o seu tratamento em consultório particular, e após indicação do próprio médico, fez todo o tratamento pelo SUS no Hospital Erasto Gaertner em Curitiba, e JAMAIS sofreu nenhum tipo de desconforto por isso. Além do mais, recebemos muita solidariedade dos funcionários, médicos, enfermeiros, porteiros, principalmente das voluntárias da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, enfim, foram quatorze meses de luta. Recebeu medicamentos que custavam 13 mil dólares, era tratada como uma rainha dentro daquele hospital. Tudo isso pelo SUS. Filas, sim!! inclusive quando fazia o tratamento em consultório particular.  O maior remédio que existe contra o câncer chama-se "CARINHO E AMOR". Vamos todos nos unir em orações e pedir a Deus e Jesus que cure o Lula, a Hebe, o Gianechinni e também todos os outros pacientes portadores desta doença.

Não sou a favor de muitas considerações acerca do Lula, nem mesmo sobre o SUS, que ainda está longe de ser perfeito. Mas acredito que não é assunto para brincadeiras de mau gosto!

 

Um amigo jornalista escreveu e concordo com ele: Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.

Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?

Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.

No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.

Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.

Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.